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Comportamento Alimentar e os Riscos dos Alimentos Ultra processados para a Saúde


Os alimentos ultra processados têm ocupado cada vez mais espaço na mesa das famílias, oferecendo conveniência e praticidade. No entanto, evidências científicas indicam que esses alimentos podem ter sérios impactos na saúde, incluindo prejuízos à função cerebral. Estudos recentes, como os conduzidos no contexto do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), trazem à tona uma importante discussão sobre o impacto do comportamento alimentar e a necessidade de escolhas mais conscientes para proteger a saúde a longo prazo.


Ilustração criativa de uma pessoa estudando em uma mesa, com a cabeça aberta como uma tampa, sendo alimentada por alimentos saudáveis, como frutas, vegetais, nozes e grãos. A imagem simboliza o impacto positivo da alimentação natural na memória e na clareza de pensamento, com um fundo claro e inspirador que reforça os benefícios cognitivos de uma dieta equilibrada.

O que são alimentos ultra processados?

Alimentos ultra processados são aqueles que passam por múltiplos processos industriais e contêm ingredientes como açúcares, gorduras, sal e aditivos químicos que dificilmente seriam encontrados na cozinha de casa. Exemplos incluem refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, sorvetes e refeições prontas congeladas. Esses alimentos têm pouca ou nenhuma presença de ingredientes frescos, como frutas, vegetais e grãos integrais, o que os torna nutricionalmente desbalanceados.


Por que os ultra processados são prejudiciais?

O consumo regular de ultra processados está associado a uma série de condições de saúde, como obesidade, doenças cardiovasculares e síndrome metabólica. Estudos também mostram que esses alimentos podem afetar negativamente o cérebro, contribuindo para o declínio cognitivo. Isso ocorre, em parte, devido à sua baixa qualidade nutricional e à presença de aditivos químicos que podem promover inflamação no corpo, um fator que impacta diretamente a saúde cerebral.


Quem diria... o comportamento alimentar pode acelerar o declínio cognitivo!

ANTES DE MAIS NADA: declínio cognitivo refere-se a uma diminuição gradual na capacidade do cérebro de realizar funções mentais importantes, como memória, atenção, raciocínio, linguagem e resolução de problemas. Esse processo pode ocorrer de forma natural com o envelhecimento, mas também pode ser acelerado por condições de saúde, hábitos de vida e outros fatores.


Sinais comuns de declínio cognitivo:

  • Esquecimentos frequentes: dificuldade em lembrar nomes, compromissos ou informações importantes.

  • Dificuldade em realizar tarefas complexas: problemas em gerenciar finanças, planejar atividades ou seguir instruções.

  • Confusão mental: desorientação em relação ao tempo, espaço ou situações familiares.

  • Problemas de linguagem: dificuldade em encontrar palavras ou compreender conversas.

  • Mudanças de humor ou comportamento: aumento de irritabilidade, apatia ou ansiedade.


Evidências científicas: o que os estudos revelam?

Um estudo realizado com mais de 10.000 participantes no Brasil demonstrou que pessoas que consumiam mais de 19,9% de suas calorias diárias provenientes de ultra processados apresentaram um declínio mais rápido das funções cognitivas globais e executivas. Após um acompanhamento de 8 anos, os resultados mostraram que o declínio cognitivo era 28% mais rápido nessas pessoas quando comparadas àquelas com menor consumo desses alimentos.

Além disso, os impactos foram mais evidentes em adultos mais jovens (abaixo de 60 anos) e em pessoas com dietas menos saudáveis de forma geral. Isso sugere que, mesmo em uma fase da vida em que o cérebro ainda está relativamente resistente ao envelhecimento, o consumo de ultra processados pode acelerar problemas cognitivos.


geladeira cheia de refrigentes, sucos e isotonicos ultraprocessados que prejudicam o comportamento alimentar e causam declinio cognitivo.

O que explica esse impacto no cérebro?

Os pesquisadores identificaram que a inflamação crônica causada pelos ultra processados pode ser um dos mecanismos subjacentes. Essas inflamações afetam os vasos sanguíneos do cérebro e contribuem para micro lesões que comprometem funções cognitivas, como memória, atenção e capacidade de resolver problemas. Além disso, estudos com neuroimagem mostram que dietas ricas em ultra processados podem reduzir o volume de áreas cerebrais importantes, como o hipocampo, responsável pela memória.


Recomendações para um comportamento alimentar mais saudável

Baseando-se nas evidências, os especialistas destacam a importância de adotar hábitos alimentares mais saudáveis para proteger o cérebro e o corpo. Aqui estão algumas estratégias simples para melhorar sua dieta:

  1. Diminua o consumo de ultra processados: Evite produtos industrializados que contenham muitos ingredientes artificiais. Opte por alimentos frescos e minimamente processados.

  2. Inclua mais alimentos naturais: Frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras são excelentes escolhas para garantir nutrientes essenciais ao cérebro.

  3. Prepare refeições em casa: Cozinhar os próprios alimentos permite maior controle sobre os ingredientes e evita a ingestão desnecessária de aditivos.

  4. Leia os rótulos: Ao comprar alimentos embalados, escolha aqueles com uma lista de ingredientes curta e conhecida.

  5. Hidrate-se bem: Substitua bebidas adoçadas por água e chás naturais.


Conclusão: escolhas alimentares para um futuro mais saudável

O comportamento alimentar desempenha um papel crucial na saúde geral e no funcionamento do cérebro. Embora alimentos ultraprocessados sejam convenientes, seu consumo excessivo pode trazer sérios riscos à saúde, incluindo o declínio cognitivo. Adotar uma dieta rica em alimentos naturais e equilibrados é um passo essencial para proteger a saúde mental e física ao longo da vida.

Portanto, da próxima vez que for ao supermercado ou escolher uma refeição, pense no impacto a longo prazo que esses alimentos podem ter no seu corpo e na sua mente. Pequenas mudanças hoje podem fazer uma grande diferença no futuro!


Referências:

Levy, R. B., Barata, M. F., Leite, M. A., & Andrade, G. C. (2024). How and why ultra-processed foods harm human health. Proceedings of the Nutrition Society, 83(1), 1-8.

Gonçalves, N. G., Ferreira, N. V., Khandpur, N., Steele, E. M., Levy, R. B., Lotufo, P. A., ... & Suemoto, C. K. (2023). Association between consumption of ultraprocessed foods and cognitive decline. JAMA neurology, 80(2), 142-150.

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